quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Ano-Novo

Eu olho em volta e o que eu vejo?

Vejo sobras de alegrias

De lutas e fracassos

vejo laços, vejo penas

Vejo beijos, mas não abraços.


Eu olho em volta e o que eu vejo?

Vejo hipóteses de chuva,

Vejo próteses de sonhos

pela cobiça, pela verdade

E vejo que há excesso na maldade

Dúvidas e incertezas

Vejo cavalos, mas não princesas


Eu olho em volta e o que percebo?

Percebo o grande palco que nos envolve

Percebo atores infundados

E Percebo que coitados são aqueles

Que simulam um sorriso

Pois nesse riso há a ilusão

De um mundo mais humano

e dos restos, solidão

de mais um novo ano.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sonhos de um Palhaço.

Até ele, um palhaço

Pensa em ser um grande alguém

Mesmo ele, um bobo

Pensa em pensar, ir além

Sabe que há dor e pesar

Nas palavras tolas e sutis

E sabe ser e ver nos olhos

Ambientes mais hostis


O Palhaço bobo tem sonhos

De grandeza, pequenez

Mas do medo e solidão

És um eterno, voraz freguês

Brincadeiras, piadas rirdes

Pobre palhaço só

Sua aparência

Seu jeito

Há sombras e pó

Ri de si

E da flauta

Que toca a mesma nota

Dó.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Já dizia Voltaire.

Poucas pessoas se preocupam em ter uma noção do que seja o homem. A única idéia que os
camponeses de uma parte da Europa têm da nossa espécie é a de um animal de dois pés, de pele
trigueira, articulando algumas palavras, cultivando a terra, pagando, sem saber por que, tributos a um
outro animal a que chama rei, vendendo suas colheitas tão caro quanto puder, reunindo-se com outros
em certos dias do ano para entoar preces numa língua incompreensível. Um rei sempre encara toda a
espécie humana como seres feitos para obedecer-lhe e aos seus semelhantes .

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Imagine

Pense em você, nos seus problemas, nas suas tarefas e no seu caos cotidiano.
Pense nas coisas que você ficou de fazer e deixou pra mais tarde. E pense nos seus planos. Nos seus problemas de trabalho, estudo, e em seus problemas amorosos.

Agora ampliemos o cenário. Pense nos problemas da sua cidade. Nos mendigos da avenida. Nos viciados da praça. Nos desempregados e na vida política de sua cidade.

Ampliemos mais: Pense no estado alagado. No estado miserável. Pense na vida política nacional. Nos sem terra ou nos fazendeiros. Pense nas regiões atingidas pela seca.

Agora chegamos, aqui, no âmbito mundial: Pense nas crianças com aids. Nas pessoas que passam fome. Nas guerras e nas epidemias. Nos terremotos e nos ataques terroristas. Pense no caos continuo e permanente.


.... Que vamos fazer fim de semana?

domingo, 30 de novembro de 2008

O Professor

Olha ele lá, sempre sorrindo

Sempre bobo, sempre rindo

Será que ele não percebe?


Ensinando, estudando

vai se perdendo aos poucos

Como pode ele não ver

que a conta está errada

que a borracha não apaga


Olha lá, sempre manco

Sempre com alguma idéia

Otimista, infeliz

O que é que ele me diz?


Olha lá, está velho

não há mais equações

nada mais pra estudar

sempre rindo das gozações


Está sozinho, pequenino

continua ensinando

para si, para outro

não sorri mais como antes

otimismo acabou

sozinho continua

para sempre,

ensinou.

Percepção

Acabo de perceber que com o passar do tempo , as folhas caem, a chuva passa e o fenômeno mais belo da natureza acontece: as flores desabrocham.

Percebam que a beleza não está na ilustre mentira das ilusões, e sim na grande verdade vil de que tudo é mutável, inclusive pensamentos.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Velho louco

Bem-vindos ao blog do Velho Louco. Como o nome sugere, trata-se de um senil fora de suas capacitades mentais vis-a-vis : um Velho Louco.

Por que velho?
Porque o tempo já fez o trabalho dele.

E por que louco?
Louco por se atrever a questionar, a pensar e a não submeter-se. Submeter-se à crenças e dogmas. Prostituindo-se pela vil e efêmera ilusão, tão prazerosa, de que tudo está bem e de que tudo segue seus planos. Louco por não achar a menina "gostosa", por não querer uma Ferrari ou por não ir atrás de riquezas materiais. Louco, sobretudo, por recusar-se a ser um mero número na mesa dos poderosos e, por acreditar na inaceitabilidade de crer ser apenas um mero peão em um colossal jogo de xadrez.